Próximo ao lançamento da série bíblica “José do Egito”, que acontece no próximo dia 30, o diretor da produção, Alexandre Avancini, falou em uma entrevista ao R7 sobre as gravações, viagens e outros detalhes sobre a série.
Avancini detalhou o trabalho de gravação, que aconteceu no Egito, em Israel e no deserto de Atacama, no Chile. Afirmando ter trabalhado com equipamentos de altíssima qualidade e em locações que trarão grande veracidade à trama.
O diretor falou também da qualidade de imagem do projeto, obtida principalmente pelo uso de câmeras de cinema na produção.
- Estamos com um material que é mais do que HD. São câmeras e lentes de cinema, que dão outra textura para a imagem. Fica muito bonito. As pessoas batem o olho e sentem diferença grande. A Record está apostando neste diferencial. É um produto de destaque na empresa e ajuda muito a contar história. Você pode trabalhar com uma fotografia mais elaborada, mais próxima de cinema. A época pede isso – explicou.
Avancini destacou ainda o empenho financeiro da Rede Record para transformar a produção em uma grande obra, e afirmou que não foram poupados esforços na produção que, segundo ele, teve qualidade de cinema.
Desde quando você está mergulhado neste projeto?
Meu primeiro contato foi em fevereiro de 2012, quando ainda estava no ar com Vidas em Jogo. Depois, quando fui para Los Angeles, passei a viagem aprovando locações para José via internet. Inicialmente, nós cogitamos gravar no Nordeste, mas ficamos 10 dias por lá com muita chuva. O Nordeste estava muito verde, e nós precisávamos de deserto. Começamos, então, a cogitar gravar os planos gerais em outros locais.
Foi quando o Egito e Israel entraram na agenda?
Nós já estávamos programados para fazer stock shots e computação gráfica no Egito e Israel. Ficamos gravando lá por 15 dias. Eu fui ao Mar Morto, no Deserto da Judéia… É tudo muito impactante. Mas quando o Nordeste saiu de cena, nós pensamos no Atacama. Eu conhecia muito pouco de lá, e levantei um material grande de pesquisa. Tudo parecia uma ideia bem distante, mas que, felizmente, com suporte da empresa, deu certo. Marcelo Silva [diretor executivo do RecNov] é um apoiador de qualidade e viu a chance de termos um diferencial no Chile.
Quando te ofereceram este projeto, por que você topou? O que você achou que poderia fazer de diferente?
Eu conheço bem a história de José e vi nela a possibilidade de explorar o lado humano. É uma história que pega o espectador pela proximidade com as relações humanas. Relação pai e filho, irmãos… É uma das histórias mais bonitas da Bíblia. E José, na verdade, é um grande exemplo de retidão absoluta de caráter. Ele não abre mão nunca de suas crenças e convicções. Ele não vacila.
Depois de um ano de dedicação total, nós estamos chegando perto do lançamento. Está ficando do jeito que você imaginou?
Está ficando muito bacana, viu? Eu estou muito feliz com o resultado. Novamente, com o apoio do Marcelo Silva, nós conseguimos trazer as câmeras Arri Alexa que fazem toda a diferença. Estamos com um material que é mais do que HD. São câmeras e lentes de cinema, que dão outra textura para a imagem. Fica muito bonito. As pessoas batem o olho e sentem diferença grande. A Record está apostando neste diferencial. É um produto de destaque na empresa e ajuda muito a contar história. Você pode trabalhar com uma fotografia mais elaborada, mais próxima de cinema. A época pede isso.
Voltando para as viagens internacionais, para Israel e Egito você foi com equipe brasileira?
Fomos com uma equipe pequena brasileira, mas montamos um grupo em Israel e outro no Egito. Nós fomos a primeira equipe estrangeira em dez anos que saiu de Israel e gravou no Egito.
E você já conhecia aqueles locais?
Não. É impactante. Lá não existe um talvez. As coisas aconteceram lá mesmo. A história bíblica salta aos seus olhos. Nós ficamos uma semana em Israel e depois fomos para o Egito. Trouxemos material de stock shots, que são imagens que ajudam a ambientar o espectador, e plays de computação gráfica. Tudo com equipamento de cinema. Toda vez que o espectador encontrar, por exemplo, o Rio Nilo em cena, é mesmo o Rio Nilo! Nós gravamos lá. Isso traz uma verdade para a minissérie.
E no Chile vocês gravaram cenas de todas as fases da história?
Como a gente tinha um limite de tempo para gravar lá, a gente conseguiu polvilhar quase todos os capítulos com cenas do Atacama. Tem um volume maior nos primeiros capítulos porque é a implantação do espectador na história. Achei importante mostrar o máximo possível em uma locação que transporta o espectador para este universo.
Quais foram as maiores dificuldades nas gravações no deserto?
O Atacama é o deserto mais seco do mundo. Tem variações de temperatura de -10ºC a 30ºC em um dia. Mas, mesmo assim, são 30ºC que na sombra pulam para 23ºC. Como eu tinha vindo de Israel, onde não tem refresco dos 40ºC, eu brincava que o Atacama era um deserto com ar condicionado [risos]. Mas locações são bem áridas. O mais complicado foi a altitude. Nós chegamos a cinco mil metros, e para subir isso tudo você não pode comer carne vermelha, não pode beber nada de alcoólico, não pode fazer movimento brusco senão você realmente passa muito mal. Fizemos um período de adaptação com todos. Mas a equipe e o elenco estavam muito imbuídos por aquele espírito. Foi aventura total, mas todo mundo estava amarradão.
Qual é o grau de semelhança do Chile com Egito e Israel?
É muito parecido. É o mesmo tipo de deserto de base de sal, com lagoas de água salgada. É muito próximo e acho que fomos muito felizes em poder gravar mais de 60 cenas lá. Nós levamos uma equipe grande e dois terços do elenco do seriado. O número diário de pessoas na gravação era 400 pessoas, mais ou menos.
O que você chegou a pedir para o elenco no início do projeto?
Quando o trabalho é um seriado, eu peço para eles ligarem a chave “cinema”. É diferente. É outra entrega, outro grau de concentração, é outra profundida do ator fazendo um personagem. A gente teve um trabalho bacana com o Sérgio Penna [preparador de elenco] durante 20 dias e já com essa visão. Acho que o elenco se saiu muito bem, eu estou muito feliz. Todos corresponderam à expectativa, tanto hebreus como egípcios.
Por falar em Egito, esse também é um grande diferencial em José, né?
Sim. Eu tenho quase certeza que isso é totalmente inédito na história da TV brasileira. O Egito não havia sido mostrado antes desta forma, com essa grandiosidade. Na Cidade Cenográfica, por exemplo, nós reproduzimos o Templo de Isis, que fica em Aswan. O de lá tem 18 metros de altura, e o nosso tem 15 metros. As proporções estão bem próximas. O empenho financeiro da Record em investir neste projeto precisa ser destacado. O Egito é uma sociedade muito rica e diferente.
Eu tenho a impressão que você, ao mesmo tempo em que é um diretor sério e minucioso, brinca trabalhando. Estou certa?
Eu sou virginiano, então sou muito detalhista mesmo. Mas, na verdade, não é trabalhar brincando, é ter muito prazer no que eu faço. Quando a empresa, por exemplo, deu sinal verde para a viagem ao Atacama, eu fiquei muito feliz. Nossa, muito feliz mesmo. Faz toda a diferença para o ator gravar uma cena no meio do deserto, o espectador bate o olho e acredita naquilo também. Todo mundo sai ganhando. Eu fico muito feliz de participar de um projeto deste tipo.
Tem alguma coisa que você ainda sonha em realizar na carreira?
Cinema [risos]. A qualidade de José é a mesma, mas a gente ainda se sente um pouco prisioneiro da tela pequena, né? Ter o trabalho apresentado na tela grande é bem diferente. Vamos ver o que teremos por aí.